Poucos eventos e feiras geek costumam ter uma área voltada ao público feminino. A 21ª Fest Comix, que aconteceu na semana passada, em São Paulo, fez diferente e teve um espaço especial para as meninas com palestras, workshops e discussões.
A área, que foi comandada pelo Minas Nerds, trouxe assuntos diversos durante os três dias da feira. Destacou a quem passou por lá a importância da mulher no mercado/meio geek, algo que muitas vezes é taxado como um assunto “apenas para meninos” e onde existe muito preconceito e tabus que ainda precisam ser quebrados.
Os temas tratados foram diversos: indo desde mães Nerds, o feminismo na TV/cinema/quadrinhos, cyberbullying, NERDiversidade, a violência contra a mulher e, claro, os games. Os convidados expressaram suas opiniões e profissionais, como psicólogos, ajudaram a responder as questões importantes.
Temas como GamerGate e o público feminino no meio nerd são constantemente pautas em fóruns e sites de discussões, mas ainda assim é preciso deixar claro a importante fatia do mercado que elas representam e luta pela igualdade que ainda parece londe de ser alcançada. Durante uma das palestras, a jornalista Flávia Gasi lembrou que games como Call of Duty não deixariam de vender para o público masculino caso tenham uma abordagem que convide também as garotas. Isso para as produtoras traria um reflexo nas vendas, e as meninas ganhariam mais uma opção de entretenimento. Essas mudanças, no entanto, conseguem benefícios maiores contando com a participação delas desde a concepção do projeto, já no desenvolvimento.
Muitas garotas não se sentem representadas em jogos eletrônicos, uma triste realidade. Franquias de sucesso, como Pokémon, só tiveram a opção de personagem feminino na versão Crystal, anos depois dos sucessos Red & Blue. Esse exemplo por si só demonstra que, normalmente, as meninas são deixadas de lado, coisa que não deveria acontecer. Elas compram jogos e podem gastar tanto quanto os meninos, embora nem sempre sejam o foco principal do produto.
Em outras áreas, como HQs e outros segmentos do mundo nerd, as mulheres costumam receber o mesmo tratamento. Também no espaço Minas Nerds, a discussão foi pautada no sábado, e informações como as vendas da “Thor”, a nova HQ com a versão feminina do deus asgardiano, foram citadas como uma de tantas provas do interesse do mercado. Nos dias atuais, talvez pela facilidade com a internet, o público quer algo novo, e nada melhor para fugir do comum que trazer novos heróis (e heroínas).
Com o destaque merecido no evento, o espaço acabou no último dia de Fest Comix com o workshop para ensinar a criar um podcast ou site de cultura pop, além de participação de cosplayers e a NERDiversidade, bate papo sobre sexualidade e orientações sexuais no universo geek.
Para saber mais sobre o Minas Nerds visite a página no Facebook e também o grupo. Com o aumento da participação delas, certamente futuros eventos devem ter bons olhos para a importância das garotas no mundo geek.
